terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

E agora, José?


No país da fantasia aquela sempre fora a festa mais animada do ano. As ruas eram tomadas por uma alegria como se na quarta-feira fosse o fim dos tempos e não de apenas mais um reinado de Momo. Começava ainda na sexta-feira com a noite dos tambores que emudeciam aos poucos no ponto onde a cidade havia nascido. Depois disso só se via as pessoas tentando ser felizes por todos os cantos da cidade. Era como compensar uma vida sem confetes que levava durante os demais dias do ano. O frevo vinha sempre curar as feridas, onde o rei fazia estripulia para a diversão do bobo da corte, que sempre estranhava tudo aquilo.
No auge da terça-feira, os corações apertados já sorriam com preocupação pelo raiar da manhã que traria o fim de mais um carnaval. O dia de cinzas era talvez o mais triste do ano. Havia até os que consideravam pior que as manhãs de Natal sem presente.

O cansaço nos corpos daquelas pessoas era apenas mais uma artimanha das ladeiras da cidade velha, como uma Colombina que maltrata o Pierrot apenas para se certificar do seu amor.

O carnaval passou no país da fantasia.

Aos poucos, tudo voltava ao normal.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Ó! Quanta alegria...


Quem me vê sempre parado, distante garante que eu não sei sambar
Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando e não posso falar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

E quem me ofende, humilhando, pisando, pensando que eu vou aturar
E quem me vê apanhando da vida duvida que eu vá revidar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu vejo a barra do dia surgindo, pedindo pra gente cantar
Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera gritar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Chico Buarque